teenager
do MA-RA-VI-LHO-SO tolan
às vezes, quando estou mesmo com a neura de inspiração, recuo aos anos 90, os da minha adolescência. Foram anos de videos de cores e roupas saturados, fluorescentes, Parker Lewis, tartarugas ninja, Nivana, televisões privadas e meia dúzia de paixões platónicas nos corredores da escola.
A infância e a adolescência são os períodos mais interessantes na vida de qualquer pessoa porque têm o absoluto que a vida jovem ou adulta não têm. Dois bons adultos que se entendem têm tendência a, de certa forma, partilharem conhecimento, eu sei que tu sabes, tu sabes que eu sei. Um gajo quando tem 14 anos não sabe absolutamente nada, não tem nada a ensinar a ninguém e as outras pessoas têm tendência a agravar a confusão, dos pais aos amigos, das paixões platónicas aos professores, é tudo intenso e confuso.
A primeira bebedeira que tive foi de tequilla, no interior norte de Portugal, num acampamento numa reserva natural, não me lembro onde.
Sei que bebi vinho quente de malgas e depois tequilla, perante o olhar desconfiado de locais. Entornei um shot na mesa e sorvi a mesa, para gáudio de todos. Lembro-me que a M. e L. e A. estavam lá e eu estava a apaixonado pelas três mas que numa velha ponte romana, entusiasmado pelos vapores etílicos, imitei um touro e os meus amigos, bons amigos diga-se, tourearam-me com agrado, o que eliminou hipóteses com a L. e a A.
Desviei-me do caminho e desci uma vereda cheia de árvores e silvas e deixei-me cair exausto debaixo de um céu estrelado e puro e cristalino, o céu da serra do interior norte, um céu granítico, diamantes em veludo negro. Estava eufórico da bebedeira, aquelas primeiras em que uma pessoa se sente bem e tal. Quando dei por isso, tinha a M. ao pé de mim, ficou preocupada, havia uma escarpa grande para um rio, cá em baixo e achou que devia tomar conta de mim, os outros que fossem andando e foram. Acho que ela queria - viria a saber anos mais tarde - curtir comigo. Eu não sabia isso, porque raio é que... não sabia isso. O vento às vezes soprava muito forte nos pinheiros e ouvia uma coruja ao longe. Se não fosse ela a arrastar-me pelo braço de volta ao acampamento, tinha ficado ali a dormir.
Sem comentários:
Enviar um comentário